terça-feira, 26 de maio de 2009

A Presença da Ausência

Sim, eu faço desse blog branco no preto sim.
É como se o branco do papel penetrasse a tinta de minha caneta. E esse, então, vazio é que preenche e traz sentido e significado às palavras... às coisas...
é realmente um canto mudo que vem [tentar] expressar o inexpressável. É o grito de desepero que se emana de um sereno rosto que insiste em sorrir. E lacrimeja.
É como se eu pudesse dizer de uma forma totalmente Clara tudo aquilo que não consigo, pois me sinto impotente diante de tanto sentimento. Pois é fato que as idéias fluem a 380 por hora, mas meus dedos, tão viciados e frios, registram apenas um décimo disso tudo.
Vocês também têm essa sensação de que o pensar é tão mais fácil que o escrever?
Posto que quando penso, é uma agitação de cores.... em movimento.... mas na hora que me presto q vir aqui registrá-las, já se foram... é essa negra ausência de conexão das palavras... É um tão-mais seria, se fosse de fato, o que eu queria dizer...
É intenso, mas é muito mais intenso do que se pareça ser.... do que se pareça ler....
É essa eterna sensação de estar passeando em um labirinto de espelhos... sendo seguido por mim mesmo... por minha imagem.... imagem de mim.... Mas será que eu prefiro ir por aqui ou eu já passei por ali? ou [Eu]?
O que viria a ser então essa multidão de pontos negros que povoam o branco dessa página [lê-se papel].
Será que consegui mesmo dizer dizer tudo o que senti?
Eu diria [a mim mesmo] que apenas um décimo foi...

Boa semana a todos!

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Eu-Boca

Boca que fala
Boca que cala
Boca que te beija
Boca que te lambe a consciência
Boca que te conta a minha história.
Essa boca ainda tem muito o que aprender contigo...
Conosco!
Boca que observa teu movimento
Boca que te deseja nua e crua...
Boca que te escreve essas palavras
Boca que te pensa meus pensamentos.
Boca que se alegra dentro da tua boca.
Essa nossa boca ainda tem muito que se despedir e se despir de nós mesmos.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Lendo Saramago

Olá a todos!
Semana passada comecei a ler um livro de José Saramago e estou compulsivamente apaixonado pela estrutura literária desse ardiloso 'gajo'. Um escrita despreocupada, uma bagunça afetiva de palavras e sensações. Isto porque, segundo ele mesmo, assim é a vida. A vida não tem paradinha pra você recuperar o fôlego. As perguntas muitas das vezes vêm de onde menos se espera. Você não começa seu dia com um título novo que se renova a cada manhã. Os capítulos estão mesmo todos misturados e parecem não ter fim.
É um método muito audacioso, mas afinal, assim são os que vencem na vida. É preciso desafiar as regras. Quebrar a rotina pra que se extraia dela mesma a arte necessária pra se encarar os muitos vilões que nos são apresentados diariamente.
É engraçado que muitas vezes me vejo perdido, pensando: "peraí, isso é uma pergunta ou afirmação? ; e quem foi que disse tal frase? O pai? A mãe? O vizinho? Ou o cachorro?" E depois de voltar algumas vezes consigo entender (pelo menos eu acho, né...) o que aconteceu.
Essa é a proposta da arte. É ir além do simplesmente belo, afinal, quem dita o que é belo ou não? Essa proposta se torna algo indescritível, pois transcende os limites que nos são impostos constantemente. Por todos. E é nessa transcedência dos valores que se esconde o que eu julgo como belo. É provocar pensamentos, fazer o leitor ir além de si e de seu mundinho cotidiano. É usar a linguagem (essa coisa tão velha) para extrair coisas novas, conceitos novos, belezas novas.
É ir além.
Isso não é qualquer um que faz não. É fruto de um olhar diferente e de esforço, pois se utilizar de meios físicos pra dizer o indizível é muito mais trabalhoso do que se parece.
Enfim, não é nem um pouco meu objetivo convencê-los a ler Saramago. Muitos menos fazer com que vocês gostem de Saramago.
Afinal, se todo mundo fosse igual e pensasse igual, a vida ia ser tão sem-graça.

*Texto também presente no blog de um grupo ao qual faço parte. [www.terceirogenero.blogspot.com]

Beijos a todos!

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Misturado mesmo

Bom, resolvi deixar a vergonha de lado e postar alguns textos meus antigos.... mesmo não os achando la grandes coisas... afinal, aqueles momentos já são passado....
mas tive essa vontade de misturar os textos de agora com os de outrora....

sem mais,

que venham os de aurora...

Beijos a todos!

Degol[ação]

O sabor dessa gota que me escorre pelos lábios tem a angústia da saudade.
A vastidão desse vazio olhar refletido me arremete a quentes areias desérticas de uma pulsante solidão
que se dilata no meu peito e me estroveja a cabeça com sons em imagens, vítimas de uma distorção nostálgica
que me incha os neurônios, variando pensamentos correlatos a atitudes de um pobre ser
que descobriu essa madrugada ser detentor da mais nobre riqueza: um solitário sentimento
polido em lágrimas que regam a solidão que vaga no tempo.
Minha voz ecoa de fora pra dentro e uma vida é degolada em algum outro ponto do universo.

Seguindo na contramão

Eu pego sua mão
fria no espaço,
eu verso para que me escute,
eu apedrejo a vergonha.
Ela nos trata de aquecer e beijar.
Tudo quanto foi esperado explode
e em pedaços,
medo e coragem,
andam em contramão.
E eu verso.

Ela


Ela tem um jeito inocente.
Essa morena tem poder nos olhos...
seu sorriso é quase displiscente,
O brilho de sua pele esconde o verdadeiro brilho do sol.
Me arrebatou com tanta beleza.
A vida passa de repente,
mas com certeza tem seus pontos de valor.
A presença dela é algo que não se expressa por palavras.
A cor de sua pele traz um sentimento bom à tona.
É como se habitasse uma alegria imanente à ela.
Ao chegar perto dela,
as cores voltam a ter seu brilho.
É algo diferente...
Algo que não se traduz.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Eco

eu nao peço... nunca pedi por esse tal entendimento da vida. Essa tao almejada
(nao sei por quem... talvez por todos) noção racional do que se sente. Não acredito
que isso constitua a pulsão da vida.
Mas esse nem é mesmo o foco de mim, posto que vivo assim, constantemente me (des)construindo
a mim mesmo.
Subo e me desço. Me (des)converso descalço. Furo uma palha. Caminho com sede. Me descaminho por desenhos
tortos... sinuosos. Me miro através do espelho. Atrás de um moinho. Me caminho em uma luz. Luz de girassol.
Lousa da vida. Me sangro um ar menos puro. Me chamo em uma canção de cachoeira. Me imito e me desfaço.
Me retorno. Me contorno. Me transbordo. e Me re-encho. Me ecoo e me grito. Eu Me giro. Me despedaço.
Eu me faço. me reviro e me deslaço. Eu sou o meu. Eu faço o teu. Eu sinto grande. Eu sou ninguém. Já fui
muitos. Hoje, nada sei. Não vim aqui pra esclarecer. Eu só faço escurecer. Em mim mesmo. Me esviro. Me
(re)faço. Na solidão, me despedaço. Eu não penso, pois quem pensa em mim é um outro "eu" que não eu.
Eu não existo. Eu me faço. Eu me estilhaço. Com o vazio Eu me abraço. E assim vou. E assim fico. E assim sou!

Por que não um blog?

E é assim mesmo, como quem não quer nada (e não quer mesmo...) que me dou ao mundo fascinante da escrita digital. Ou do "pensamento" - "modernizado" - "digitalmente" - "divulgado".
A grande (eu diria a Maior) pretensão é não ter pretensão alguma. É eu sentar-me aqui e deixar as palavras fluírem, deixá-las sair pra respirar um ar fresco.
Afinal, o que são as sensações sem as palavras? E o que é o Humano sem sensações?

Enfim... Sejamos todos bem-vindos nesse emba[ra]çado mundo de um novo(despretensioso)blog.

E que venham a Filosofia, a Crítica, os pensamentos e elucubrações, mas sempre permeados pela Arte que pulsa de dentro para fora!